Acompanhe no Carros e Corridas a nova coluna do jornalista Eduardo Abbas.
Muito se disse sobre a vida que imita a arte. Como em todos os fatos que acontecem na nossa passagem terrena, para brilhar em tudo que fazemos contamos com o suporte de alguém que nos carrega e nos força sermos sempre melhores. Assim é no cinema, os atores que são as estrelas nunca seriam tão grandes se não fossem os coadjuvantes. De alguns anos pra cá, esses supporting´s fazem a diferença no cinema e nos esportes. Só para citar como exemplo, o grande Dustin Hoffmann teve em suas premiações o suporte de ninguém menos que Meryl Streep em Kramer x Kramer, Jessica Lange em Tootsie e o Tom Cruise em Rain Man. Podemos imaginar filmes como Os Imperdoáveis sem Gene Hackman, A Menina de Ouro sem Morgan Freeman ou O Cavaleiro da Noite sem o magistral coringa de Heath Ledger? É como ver o House sem a bengala, o gordo sem o magro e, mais recentemente, Histórias Cruzadas sem a sensacional Octavia Spencer.
No esporte acontece a mesma coisa, temos os exemplos no futebol com Ademir da Guia e Dudu, Sócrates e Palhinha, Pelé e mais 10, Maradona e mais 10. Todas as estrelas que brilharam por conta dos companheiros que estiveram sempre ao seu lado. No automobilismo os coadjuvantes eram mais raros, mas começaram a ter grande importância em grandes duplas como Senna e Berger, Mansell e Patrese, Prost e Hill, e mais recentemente Alonso e Massa.
Foi isso que se viu no fim de semana de grande premio da Itália. O Felipe, pela primeira vez no ano, teve um carro igual ou superior ao do Fernando, conseguiu um excelente terceiro lugar no grid e na largada logo ganhou uma posição. O companheiro veio tentando se recuperar e, com se é esperado desde sempre, abriu a porta pro Alonso ficar à frente. Coisas normais de corrida, tudo combinado antes como deve ser e deixando sempre às claras com a imprensa. O que parece que a Ferrari não contava era com a astúcia do mexicano Sergio Perez, que fez a melhor corrida de todos, largou lá atrás e chegou em segundo, acertou na tática e no braço e por pouco não consegue a primeira vitória, o problema é que o primeiro era Lewis Hamilton, a estrela que não aceita ser coadjuvante. Quem sabe não esta aí o grande problema desse inglês talentoso que apesar de ser sempre favorito nunca mais chegou desde 2008 e vive se metendo em encrencas.
Para as últimas corridas do ano, a participação dos pilotos que não estão na disputa direta do título vai ser determinante para levar seus companheiros a tão sonhada conquista. Massa vai trabalhar por Alonso, Button por Hamilton, Vettel e Webber ainda vão se pegar pra ver que corre atrás do espanhol e os outros pilotos das outras equipes vão tentar na verdade beliscar uma vitória em um campeonato que começou com um vencedor em cada corrida e agora voltou a chatice de antes, com poucas ultrapassagens e esperando um chapolim fazer a diferença.
A grande disputa será esse fim de semana em Fontana na última etapa da Indy. Apenas dois pilotos têm chance, o Will Power e o Ryan Hunter-Reay. Power tem uma vantagem pequena e talvez possa contar com a ajuda dos coadjuvantes de peso da Penske. Lá cada um corre por si, mas talvez o Roger pense diferente e convença o Helinho Castroneves e o Ryan Briscoe a ajudar na conquista do título para o australiano.
Vou ficando por aqui, o recado essa semana é para aqueles que nunca serão coadjuvantes muito menos estrelas principais na vida. Tem gente que adora roubar idéias dos outros, viver na sombra de quem cria, inventa, inova, aqueles que vão ficar ricos com as criações dos outros, nunca dividir porque não sabe fazer: um dia, meus amigos, a música acaba e o baile termina.
A gente se encontra na semana que vem!
Beijos & queijos
Eduardo Abbas, um dos mais respeitados profissionais de imprensa, especializado em automobilismo e industria automobilística. Dentre suas realizações destacam-se a criação e direção do programa Linha de Chegada, a direção do programa Grid Motor, a produção da Stock Car e toda parte de motorsport do canal Sportv. Abbas foi também produtor da Fórmula Um na Rede Globo desde 1990 e é atual membro da ABIAUTO (associação brasileira da imprensa automotiva). Também atua como consultor na área de comunicação e automobilismo.
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*A coluna publicada neste site expressa a opinião de seu autor
Foto: Scuderia Ferrari/Divulgação.