Nestas duas últimas semanas o mundo esportivo brasileiro literalmente comeu poeira. Digo isto por conta da realização do 18º Rally dos Sertões que teve início em Goiás, na capital daquele estado com a realização de um dos mais concorridos eventos do mundo sobre rodas.
Não se enganem aqueles que pensam que grandes eventos esportivos decidem suas realizações sem haver um apoio decisivo de governantes que enxergam mais além do que a porta de seus gabinetes e vêem a vinculação de seus países, estados ou cidades a uma competição como sendo esta capaz de atrair o que é mais difícil de conseguir na mídia mundial. A chamada mídia espontânea.
Não tenho procuração de governante algum para falar isso ou aquilo, nem muito menos, quero que este texto sirva para promoção deste ou daquele homem público. Desde já desautorizo seu uso para fins de promoção política. Mas como jornalista que sou, e desde 1993 atuando na área automobilística, me sinto na obrigação de abordar o tema.
Voltando ao Rally dos Sertões, chamou atenção a brutal disparidade entre a largada e a chegada da maior competição mundial fora da estrada depois do Dakar. Se em Goiânia houve festa, público, mídia e muita competição, em Fortaleza a chegada mesclava o alívio dos competidores com o pouco envolvimento do público cearense.
Não foi somente de um competidor, ou de um integrante de equipe, ou jornalista (tinha gente de todo o Brasil e de alguns países) que ouvi, em tom de decepção, a ausência de uma recepção mais cheia de gente e animação na chegada desses heróis cobertos de poeira e exaustos após percorrerem 4.486 quilômetros por seis estados brasileiros em dez dias de competição.
Na coletiva de imprensa, realizada na manhã de sábado (21), no Beach Park Suítes, em Fortaleza, Marcos Moraes, organizador do evento, informou que Goiânia confirmou seu nome para a abertura do evento em 2011.
Se não conseguimos receber de forma mais grandiosa o Rally dos Sertões, corremos o risco de deixar de ser o ponto final dessa grande aventura.
Já perdemos o GP da Stock Car para a Bahia, que mesmo sem autódromo conseguiu montar um circuito de rua para atrair uma categoria que reúne os melhores pilotos do país, e não teve início ainda a reforma do autódromo Virgílio Távora.
No meu entendimento, turismo e esporte andam juntos. Atrativos nós temos, terreno para as trilhas de um Rally e grandes empresas também. Está faltando articulação?
Com o crescimento do fluxo turístico de nosso vizinho Rio Grande do Norte, acredito ser mais prudente “sacudir” a poeira e dá a volta por cima. (RL).
Até a próxima.
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Fotos: Murilo Matos – Doni Castilho/Divulgação – Robério Lessa.