Nosso entrevistado é um paulistano da Vila Maria (bairro da Zona Norte de SP), O único piloto que participou de todas as edições do Rally dos Sertões desde a abertura da categoria carros em 1996. Eduardo Domingues, mais conhecido por Edu Piano, além de piloto, é preparador de carros de competição. É dele o projeto da F4000 Território 4×4, o primeiro estreou no Sertões 2002 e o segundo Caminhão no Sertões 2007. Iniciou sua trajetória como jipeiro em 1990 quando fazia trilhas na Serra da Cantareira (SP). Das trilhas para competições em rali foi um pulo. Disputou o primeiro Sertões em 1996 com um Vitara/Suzuki e desde então, competiu com várias marcas até chegar nos Caminhões Ford em 2007. Conheça mais sobre esse piloto de 40 anos e de muita história para contar nessa entrevista, exclusiva, ao site Carros e Corridas.
Carros e Corridas – Este ano você, juntamente com Solon Mendes e Davi Fonseca, venceram nove das dez etapas do Sertões e não deixou o título escapar das mãos sendo seu tricampeonato. Como é manter a competitividade e o alto nível de desempenho em uma prova tão concorrida quanto o Rally dos Sertões?
Edu Piano – Com dedicação e força de vontade e uma equipe super focada no que faz.
CC – Depois da conquista dos Sertões você pensa em outra competição de mesmo porte? E o Dakar?
EP – Tenho como objetivo fazer o Dakar em 2011, esse é o meu sonho.
CC – Em entrevista ao site Carros e Corridas o Solon Mendes revelou satisfação em navegar para você e lembrou do trabalho de equipe. Qual o percentual de responsabilidade da equipe no sucesso de uma competição como as de Rally? Ou só o braço do piloto resolve?
EP – A equipe é fundamental, como também o trabalho do navegador, o piloto só tem 10% de responsabilidade.
CC – Como você foi atraído pelos caminhões?
EP – Desde 2002, quando montamos o primeiro F-4000 4×4 do Brasil, tinha vontade de fazer uma prova grande de caminhão. Em 2007 quando montamos o segundo caminhão da nossa equipe resolvi aproveitar a oportunidade e foi quando conquistamos o primeiro título de Campeões do Rally dos Sertões na categoria.
CC – Sobre o início de sua carreira. Como foi que você descobriu que gostava do que faz até chegar onde está hoje? Ainda sente saudade dos tempos de jipeiro?
EP – Tudo começou em 1989 quando comprei meu primeiro Jeep, para fazer trilhas e provas de indoor. Em 1999 abri a Território 4×4 e, desde então, só faço provas de rali. Tenho saudade sim, era bem legal andar de Jeep, inclusive estou preparando um para voltar a fazer trilhas com os amigos.
CC – É difícil ser piloto profissional no Brasil? Ou o piloto ainda precisa aliar a pilotagem a um outro trabalho?
EP – Gostaria de viver só de pilotagem, mas no Brasil dá para contar nos dedos de uma mão quem faz isso. Ainda temos muita dificuldade para conseguir patrocínios.
CC – No início de sua carreira você chegou a pensar em desistir? Qual foi a maior dificuldade encontrada?
EP – Toda vez que acabava o Rally dos Sertões, principalmente quando tínhamos muitos problemas, eu dizia que aquela tinha sido a última, mas alguns meses depois já não via a hora de abrir as inscrições para participar do ano seguinte. E tem sido assim desde 1996, não consigo ficar fora desta prova…
CC – Dá para ter tempo de pensar em medo? Ou essa palavra é riscada na hora de pilotar um carro em terrenos desconhecidos?
EP – Sim dá, principalmente em beiras de abismos ou rios, pois já caí dentro de um rio uma vez e sei o quanto é assustador.
CC – O nível dos Rallys Brasileiros lhe agrada?
EP – Sim me agrada bastante e vem melhorando a cada ano.
CC – Você recentemente promoveu uma oportunidade para um piloto novato se interessar em pilotar um caminhão de rally. Falta piloto interessado nesse tipo de veículo?
EP – Sim, a categoria dos caminhões já teve um grid de 16 caminhões e hoje, são seis, temos de incentivar os competidores a andar na nossa categoria.
CC – Está faltando categoria de base no automobilismo brasileiro?
EP – Sim, o problema também são os altos custos.
CC – Alguma vez pensou em sair do Fora de estrada e ir para o autódromo?
EP – Sim tenho vontade. Um dia quem sabe.
CC – O que mais marcou na sua carreira de piloto?
EP – A primeira vitória no Rally dos Sertões em 2005 na categoria Carros na Geral, foi bem marcante. Agora conquistar o tri nos caminhões e de virada, foi maravilhoso.
CC – Você compete no Sertões desde 1996. Como você avaliaria esse anos todos de competição?
EP – Os Sertões vêm se profissionalizando mais e mais a cada ano. Hoje já é o segundo maior do mundo, e acho que em breve poderá ser o maior.
CC – Qual o recado que você daria para quem quer ser um piloto de Rally?
EP – É muito bom ser piloto de rally. Se você gosta de velocidade e de poeira, esse é o melhor caminho.
CC – Como avalia sua temporada 2009 e quais os planos para o ano que vem?
EP – 2009 foi um ano bom para a equipe. Agora em 2010 vamos trabalhar para sermos ainda melhores. Pretendemos participar de todos os campeonatos da temporada e claro, do Rally dos Sertões.
TÍTULOS
– Campeão do Rally dos Sertões 2005: Categoria Carros/Geral
– Tricampeão do Rally dos Sertões 2007, 2008, 2009: Caminhões – Geral e categoria T4.1
– Tricampeão da Mitsubishi Cup (2002, 2003, 2004)
– Vencedor do Capacete de Ouro – Melhor Piloto Off-Road (2005)
– Veterano do Sertões, participa há 14 anos consecutivo da prova
– Primeiro Campeão do Sertões na categoria Carros a ter origem no jipes
– Prêmio de destaque da Dunas (2007) – único piloto que fez todas as edições do Sertões- Tetracampeão do Rally dos Sertões.
Fotos:Paulo Prado/josé Mário DIas/Divulgação.