O ano era 1991 e eu estava no segundo semestre do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará. Era uma segunda-feira, e no pátio estávamos lá eu, Jocélio Leal, Edivaldo Filho, Larissa Fernandes, Marília Aguiar, Elvira Sena, Renato Abreu, Tesoro, Carolina Niño, Emerson Damasceno e outros que não vou lembrar. Esperávamos a aula começar , como de costume, quando chegou o professor Ronaldo Salgado.
Naquele dina ele veio com um largo sorriso e foi logo falando da experiência que vivera naquele 24 de março de 1991. Pedi a ele para lembrar desse momento e dividir com vocês, leitores do site.
Um sonho, uma vitória – Jamais pensei que poderia assistir ao GP de Fórmula 1.
Meu pai foi um apaixonado por corridas de carro, como chamávamos. No Autódromo Virgílio Távora, no Eusébio, a Equipe Soautos, foi campeã algumas vezes, com Estácio Brígido e Haroldo Coelho. Mas, em 1991, já não tinha meu pai comigo. Mas tinha um amigo: Luis Sérgio Santos. Ele me propiciou um sonho jamais possível de ser realizado depois que papai morreu.
Fui ao Autódromo de Interlagos em São Paulo assistir ao grande Ayrton Senna. Ele deu show nos treinos livres, deu show nos treinos de classificação e enfiou no asfalto de Interlagos o bico da McLaren para fazer a pole position, quando ninguém acreditava que ele iria desbancar Nigel Mansel.
Descanbou. Não só! Ganhou no domingo segurando o bólido da McLaren com apenas a sexta marcha funcionando em mais da metade da prova. Quase desmaiou ao final da bandeirada. Quase não conseguiu levantar o troféu, ouvir o Hino Nacional, e ainda tive o prazer de ver meu irmão Reginaldo Salgado, promessa do automobilismo cearense, sendo flagrado pelas câmeras do Fantástico, da Rede Globo, fotografando o ídolo, meu e dele, cena que está no filme do Ayrton Senna. Ali eu esqueci Pilotos Grandes e disse pra mim mesmo: Não há como Senna! Três anos depois, fiquei de luto e deixei de curtir a Fórmula 1 como fazia todos os domingos de prova mundo afora.
Ronaldo Salgado, jornalista e professor aposentado da UFC.
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