Opinião – Por Robério Lessa
Depois do tricampeonato de Ayrton Senna o Brasil não via outro piloto com tantas chances de conquistar o mundial de pilotos da Fórmula Um. Mas havia um inglesinho no caminho, um jovem piloto, o mais jovem a conquistar o título da categoria máxima do automobilismo aos 23 anos, 9 meses e 25 dias.
Revelado para o mundo pela McLaren, Lewis Hamilton estreou em uma equipe de ponta, onde as pressões pelo bom resultado são diretamente proporcionais ao orçamento do time que rivaliza com a Ferrari para ser a maior escuderia da Fórmula Um.
Em 2007 a briga com o espanhol Fernando Alonso expôs o lado frágil do inglês que não suportou a pressão e cometeu erros infantis e acabou perdendo o título na última corrida. Esse ano Hamilton estava à frente de Massa, com sete pontos de vantagem e precisava manter a quinta colocação para comemorar o campeonato.
Já havia escrito aqui na coluna que o inglês tinha maiores chances de levar o título no Brasil não por um exercício de futurologia, mas sim pelo fato de não ter de fazer maiores esforços no GP do Brasil e sim se manter na zona de pontuação confortável para ser campeão. E foi o que fez. Passou 99% da corrida com o título na mão e, para tornar seu título mais suado, veio a chuva.
Massa foi soberano na pista. Pole, melhor volta e vitória. Chegou a ser avisado pelo rádio que era o campeão, pois, na pista Lewis Hamilton estava em sexto faltando três curvas para cruzar a linha de chegada. Naquele momento Timo Glock, que estava com pneu para pista seca, não conseguiu segurar mais seu Toyota e acabou perdendo a quarta colocação para Vettel e a quinta para Hamilton.
Era o resultado que a McLaren e o inglês esperavam. Apenas um ponto bastou para travar na garganta o grito de campeão dos brasileiros presentes ao autódromo de Interlagos e por todo o Brasil. Em 2009 cabe a massa confirmar sua força dentro da Ferrari e na Fórmula Um para, quem sabe, poder chorar de alegria no alto do pódio.
Grande
Yes nós temos piloto. Nunca tive dúvida do talento de Felipe Massa, e isso é incontestável, mas a determinação com que esse jovem piloto mostrou ao mundo neste fim de semana, aumentou a estima que já adotara por ele. Vi em sua fisionomia, mais de menino que de homem, a confiança demonstrada por grandes campeões quando chamam para si a responsabilidade na hora de decidir.
Lágrimas
As lágrimas que Felipe Massa derramou, ao perceber que todo seu esforço esbarrou na fria matemática do regulamento, revelaram o ser humano por dentro daquela indumentária quase intergaláctica. Naquele momento capacete nenhum conseguiria esconder a decepção pela perda do título, mas foram aquelas lágrimas que Massa usou para lavar sua alma e compartilhar com todos os brasileiros a supremacia na pista durante todo o fim de semana.
Disputa
A Honda, depois de descartar a permanência de Barrichello para 2009 vai promover uma disputa brasileira pela vaga aberta no time. Lucas Di Grassi e Bruno Senna foram convidados pela equipe para sessão de testes em Barcelona daqui duas semanas. A informação revela a intenção da equipe em aferir qual o piloto se encaixa dentro de suas pretensões. Ao promover a disputa de dois pilotos brasileiros pelo seu cockpit, a Honda atende assim a vontade de sua nova patrocinadora, a Petrobras que tem a preferência por um piloto brasileiro.
Aposentado
Quem se despede da Fórmula Um, por vontade própria é o escocês David Coulthard. O piloto estreou na F-1 em 1994, no GP da Espanha, então piloto de testes da Williams, assumiu a vaga de Ayrton Senna, após sua a morte. Além da Williams passou pela McLaren, e Red Bull. Em 15 temporadas conquistou 13 vitórias, 12 poles, 62 pódios e 535 pontos. E é o 19º piloto mais vitorioso da história da F-1.
Polonês
Como estratégia de marketing, a Red Bull, dona das escuderias Red Bull e Toro Rosso edita boletins de notícias sobre seus pilotos e sobre as categorias que participa. Famoso no mundo do automobilismo o boletim noticioso chamado Red Bulletin elegeu Robert Kubica como o piloto do ano. Uma boa para o polonês que chegou a disputar o título e ficou apagado no GP Brasil.
Herói
Ainda sobre o Red Bulletin. A publicação atribuiu ao piloto brasileiro Rubens Barrichello o título de “o herói sem glória”. De fato Rubens fez mais do que sua equipe pensava em fazer. Durante todo o ano se mostrou superior ao companheiro Jenson Button. Foi terceiro colocado no GP da Inglaterra e fechou o ano com 11 pontos, ainda assim foi dispensado pela equipe nipônica, que manteve o britânico que marcou apenas três pontos este ano.