A Stock Car retornou em grande estilo a Curitiba. A nona rodada dupla da temporada, disputada na quente tarde deste domingo (16), teve como vencedor da 450ª corrida da história da principal categoria do automobilismo brasileiro o jovem Felipe Fraga, que aumentou ainda mais sua margem de segurança na liderança do campeonato; na segunda bateria, um improvável Thiago Camilo surgiu do fim do grid, largando dos boxes, para surpreender os adversários e aparecer em primeiro na volta final.
“Pole position e vitória de ponta a ponta. Foi uma prova dura, mas estou feliz por vencer a terceira consecutiva, e muito agradecido à minha equipe por me dar um carro tão bom para vencer essa sequência”, falou Fraga, que aumenta para 44 pontos a sua vantagem no campeonato sobre o vice-líder Rubens Barrichello.
“Realmente estou muito feliz e ao mesmo tempo com o coração partido por ter anunciado uma outra equipe e deixando essa que sempre me acolheu como um membro da família desde a minha primeira participação. Eu tinha como objetivo dar uma vitória para eles até o final do ano”, desabafou Thiago Camilo, que venceu pela primeira vez na temporada.
Sob um calor de 31 graus no primeiro dia sob a vigência do horário brasileiro de verão, a Stock Car deu a largada para sua nona etapa e o pole position Felipe Fraga manteve a liderança, seguido sempre de perto por Ricardo Maurício. A distância entre os dois pilotos não passou de um segundo e meio durante todas as 34 voltas da prova, embora no final o piloto da Eurofarma-RC tenha tentado investir sobre o adversário para tomar a ponta da corrida.
Não foi suficiente, e Fraga pôde comemorar sua quarta vitória na temporada e a terceira consecutiva – ele venceu a Corrida do Milhão em Interlagos, a primeira bateria em Londrina e também a primeira na capital paranaense. “A corrida foi bem difícil, porque o pneu começou a desgastar bastante no final. Eu e o Ricardinho tínhamos o mesmo ritmo, só no começo depois da disputa eu consegui abrir um pouco, mas de qualquer forma foi um final de semana perfeito”, afirmou o tocantinense de 21 anos e que hoje reside em Curitiba.
Ricardo Maurício tinha ritmo bem parecido com o de Fraga, e foi simplório quando questionado sobre o que faltou para concluir uma eventual vitória. “Faltou talvez largar da pole. Eu estava abusando o máximo que podia, mas também com alguma dose de cautela para poder levar estes pontos para casa. O Fraga vem fazendo um ano brilhante”, resumiu.
Allam Khodair apareceu em um excelente terceiro lugar, seguido de Daniel Serra, Valdeno Brito, Júlio Campos, Lucas Foresti, Cacá Bueno, Tuka Rocha e Raphael Abbate fechando os dez primeiros que largaram em ordem invertida para a segunda bateria, mais curta e com 23 voltas de duração.
Como favorito para a disputa final do dia aparecia Rubens Barrichello, o primeiro entre os pilotos que fizeram a parada de abastecimento durante a primeira corrida. O vice-líder do campeonato fechou em 11º e todos os outros à sua frente teriam de parar nos boxes.
Assim aconteceu, e ainda na primeira volta. Abbate largou na frente, mas acabou atingido pelo carro de Julio Campos na freada para a primeira curva. Como resultado, os dois acabaram fora da disputa. No final do primeiro giro, o pelotão da frente foi aos boxes para realizar o abastecimento, e Barrichello assumiu a liderança.
O campeão de 2014 chegou a alimentar mais de sete segundos na frente. Atrás dele se revezavam Vitor Genz e Átila Abreu, um resultado que repetiria exatamente os mesmos integrantes do pódio da segunda corrida de Londrina, há três semanas.
Thiago Camilo, no entanto, vinha surgindo. E rápido. O piloto da Ipiranga-RCM largou dos boxes depois de sofrer problemas de superaquecimento na bateria inicial. Aproveitou para trocar os dois pneus traseiros, priorizando a tração de seu carro nas saídas de curva. Saiu dos boxes e foi à caça, virando cerca de um segundo mais rápido que os pilotos da frente.
A seis voltas do final, logo que Camilo superou Vitor Genz pelo segundo lugar, o safety car teve de intervir depois que Felipe Lapenna bateu na barreira de proteção e Átila Abreu também passava lento pela reta principal com um pneu furado.
Com sua margem superior a cinco segundos aniquilada pelo reagrupamento, restava a Rubens Barrichello tentar se defender. Para Thiago Camilo, a oportunidade de ouro para conquistar sua primeira vitória no ano.
Durante a penúltima volta, depois de uma tentativa na primeira curva, Camilo economizou seu último acionamento do botão de ultrapassagem para surpreender Barrichello e usá-lo na reta oposta, concluindo uma belíssima ultrapassagem por fora na entrada do miolo do circuito, na curva 3.
Assim, o piloto do carro 21 cruzou a bandeirada vencendo pela 21ª vez, depois de recuperar 21 posições na disputa. “Que coincidência, não é?”, surpreendeu-se. “Graças a Deus ela veio aqui, e essa conquista de hoje retrata muito da nossa trajetória: problema na primeira bateria, largar do box na segunda em último, conquistar posições na pista para vencer no final. A gente sempre mostrou uma relação de garra, determinação, força de vontade – foi assim em 2015 na Corrida do Milhão, quando antes eu sofri aquele acidente aqui em Curitiba, foi assim em outras corridas como Salvador em 2014”, lembrou.
“Eu sabia que tinha de surpreender o Rubens de alguma maneira, porque faltavam quatro voltas na relargada e eu só tinha dois acionamentos do botão de ultrapassagem. Eu sabia que, pela experiência dele, eu teria de pegá-lo de surpresa. Então tentei onde ele não esperava, na reta oposta, que é um lugar onde a gente não costuma usar o push, e acabou dando certo – eu queria também lembrar a lealdade do Rubens, que sempre disputa de forma dura mas limpa, e consegui posicionar meu carro por fora. Não é com todo piloto que a gente consegue fazer isso, não é todo piloto que age dessa maneira. Ele soube respeitar. Se eu não passasse ali, não passava mais”, explicou Thiago.
Barrichello sabia que a intervenção do carro de segurança prejudicaria muito suas chances de vitória. “É assim mesmo: quando tem safety car, às vezes pode ajudar muito como também pode prejudicar um pouco. Não tinha muito o que fazer. Na relargada ainda me defendi da forma mais leal que eu podia. Lutei o que eu pude no final com a aderência dos meus pneus, e eu sabia que ele tinha trocado. De qualquer maneira, eu tenho de ficar é satisfeito. Não tínhamos o ritmo do Fraga, então jogamos com a estratégia”, resumiu.
Assim, a nona etapa se encerra com Felipe Fraga somando 227 pontos na liderança do campeonato, 44 a mais que Rubens Barrichello, que soma 183; Valdeno Brito, quinto colocado na primeira prova, soma 167, contra 148 de Max Wilson, terceiro colocado na segunda bateria deste domingo. Daniel Serra com 140 aparece em quinto, dois pontos à frente de seu companheiro de equipe Cacá Bueno. Marcos Gomes, que não pontuou neste final de semana, acumula 138 na sétima posição, empatado com Allam Khodair e dois pontos à frente de Ricardo Maurício (135) e Vitor Genz (130).
A Stock Car volta a se reunir no fim de semana do dia seis de novembro para a décima e antepenúltima etapa da temporada, retornando a Goiânia para mais uma rodada dupla.
Confira a classificação-geral da Stock Car:
1-) Felipe Fraga, 227 pontos
2-) Rubens Barrichello, 183
3-) Valdeno Brito, 167
4-) Max Wilson, 148
5-) Daniel Serra, 140
6-) Cacá Bueno, 138
7-) Marcos Gomes, 137
8-) Allam Khodair, 137
9-) Ricardo Mauricio, 135
10-) Vitor Genz, 130
11-) Diego Nunes, 128
12-) 51 Átila Abreu, 116
13-) 10 Ricardo Zonta, 108
14-) Thiago Camilo, 99
15-) Sergio Jimenez, 97
16-) Galid Osman, 96
17-) Julio Campos, 90
18-) Denis Navarro, 70
19-) Gabriel Casagrande, 66
20-) Rafael Suzuki, 66
21-) Raphael Abbate, 64
22-) Guga Lima, 60
23-) Nestor Girolami, 55
24-) Felipe Guimarães, 51
25-) Lucas Foresti, 51
26-) Popó Bueno, 46
27-) Bia Figueiredo União, 41
28-) Felipe Lapenna, 39
29-) Danilo Dirani, 30
30-) 25 Tuka Rocha, 23
31-) Xandynho Negrão, 12
32-) Luciano Burti, 11
33-) Fabio Carbone, 2
34-) Alceu Feldman, 0
35-) Thiago Marques, 0
36-) Beto Cavaleiro, 0
37-) Cezar Ramos, 0
Texto: Vicar/Divulgação
Foto: Fábio Davini-Duda Bairros/Divulgação