Mais uma vez, Interlagos foi palco da decisão do título da F-1. No dia em que Mark Webber foi impecável, faturando a segunda vitória em sua carreira, foi a corrida arrojada de Jenson Button, da Brawn, que acabou roubando a cena.
Quinto colocado no GP do Brasil, o inglês sagrou-se campeão mundial com uma etapa de antecedência, já que seu companheiro de equipe, Rubens Barrichello, prejudicado pelas circunstâncias da prova, ficou apenas com a oitava posição.
Assim, a diferença entre os dois, que era de 14 pontos, subiu para 17. Sebastian Vettel, da Red Bull, o outro postulante ao título, acabou em quarto lugar, roubando a vice-liderança de Barrichello no campeonato, mas ainda a 15 pontos do líder.
A corrida
Não foi necessária uma gota d’água sequer para tumultuar o início do GP do Brasil: se a previsão de chuva preocupava muitas equipes, foi com pista seca mesmo que as confusões começaram.
Pole position, Rubens Barrichello conseguiu manter a ponta, enquanto Kimi Raikkonen fazia bela largada com sua Ferrari, pulando da quinta para a terceira posição. Entretanto, em disputa com Mark Webber pela vice-liderança, o finlandês tocou a traseira do piloto da Red Bull e danificou a asa dianteira de seu F-60. Mais atrás, Jarno Trulli acertou Adrian Sutil, na briga pela quarta colocação, encerrando a corrida não só deles, mas de Fernando Alonso, da Renault, que, próximo ao tumulto, acabou saindo da pista também.
Após descer de sua Toyota, bastante irritado por sinal, Trulli tratou de tirar satisfações com Sutil, inclusive apontando o dedo em direção ao capacete do alemão da Force India.
Quem acabou rodando também foi Heikki Kovalainen, da McLaren, que havia largado da 16ª posição. Na trapalhada, o finlandês quase bateu em Giancarlo Fisichella, da Ferrari. Tamanha confusão obrigou a entrada do Safety Car.
As lambanças, contudo, continuaram. Nos boxes, Kovalainen acelerou com a mangueira de combustível ainda presa ao seu MP4-24, espalhando gasolina pelo pitlane e pelo carro de Kimi Raikkonen, que vinha logo atrás.
Ao entrar em contato com a superfície quente do F-60, o combustível provocou uma “pequena explosão”, para susto do finlandês da Ferrari, mas sem maiores consequências.
E quem se saiu bem com todo o tumulto foi o líder do campeonato Jenson Button, da Brawn GP: 14º na largada, o inglês foi presenteado com a nona colocação. Instruído por seu engenheiro, Button tratou de forçar o ritmo na relargada, ultrapassando o inexperiente Romain Grosjean, da Renault, e Kazuki Nakajima, da Williams, pulando, assim, para o sétimo lugar, atrás do novato Kamui Kobayashi, da Toyota.
Enquanto isso, o personagem principal do GP do Brasil, Rubens Barrichello, fazia a lição de casa. Cravando volta mais rápida atrás de volta mais rápida, o brasileiro abriu vantagem para, depois de sua primeira parada, na volta 21, voltar na décima posição.
Com os pitstops seguintes, o grid começava a se realinhar, com Lewis Hamilton na cola de Barrichello, que, na volta de número 30, ocupava a quarta colocação.
Para felicidade de Button, Rosberg, um dos que estavam no pelotão da frente, teve de recolher aos boxes da Williams, abandonando a prova mais cedo. Assim, o inglês ganhava mais uma preciosa posição.
Pouco depois, Nakajima acertou Kobayashi na saída dos boxes e atravessou a pista, levando bastante perigo aos pilotos que passavam em alta velocidade pelo trecho. O japonês atingiu forte a barreira de pneus, mas saiu ileso.
Button, por sua vez, já contando com um pitstop, deixou para trás Sebastien Buemi, da Toro Rosso, voltando para a sétima colocação e, logo em seguida, pulando para sexto, depois da parada de Sebastian Vettel, da Red Bull.
E a sorte parecia mesmo ter mudado de lado na garagem da Brawn: se, por um lado, Button fazia uma bela e arrojada corrida, Barrichello não conseguia um bom rendimento depois de seu primeiro pitstop, perdendo a primeira e a segunda posição para Mark Webber e Robert Kubica, da BMW-Sauber, respectivamente.
A sorte não só mudou de lado, mas abrangeu também o RB5 de Webber, que, depois de seu segundo pitstop, com sobras, voltou na liderança.
E, ao final da segunda rodada de paradas, com 13 voltas para o final, o grid ficou com Button em sexto lugar, perdendo uma posição para Vettel, e Barrichello com a terceira colocação, que virou quarta depois de ser ultrapassado por Hamilton e oitava por conta de uma parada extra, ocasionada por um pneu furado.
O dia não era de Barrichello: após uma qualificação espetacular no sábado e uma corrida bastante esforçada neste domingo, o brasileiro se viu prejudicado por todas as circunstâncias do GP do Brasil. O dia, na verdade, foi de Jenson Button. Mesmo sem subir ao lugar mais alto do pódio desde junho, na Turquia, depois de um começo de temporada impecável, com seis triunfos nas sete primeiras corridas, e embora não tenha sido brilhante no Brasil, ajudado pela sorte, inclusive, o inglês soube aproveitar o momento favorável e arriscar quando necessário.
No dia em que Mark Webber faturou a segunda vitória na carreira, quem saiu de Interlagos com um sorriso de orelha a orelha foi Jenson Button, o novo campeão mundial da F-1. Fonte: F-1 na Web – Flávio Augusto.
Confira a classificação final do GP do Brasil:
1. Mark Webber (Red Bull) 1h32:23.081
2. Robert Kubica (BMW-Sauber) + 7.626
3. Lewis Hamilton (McLaren) + 18.944
4. Sebastian Vettel (Red Bull) + 19.652
5. Jenson Button (Brawn GP) + 29.005
6. Kimi Raikkonen (Ferrari) + 33.340
7. Sebastien Buemi (Toro Rosso) + 35.991
8. Rubens Barrichello (Brawn GP) + 45.454
9. Heikki Kovalainen (McLaren) + 48.499
10. Kamui Kobayashi (Toyota) + 1:03.324
11. Giancarlo Fisichella (Ferrari) + 1:10.665
12. Vitantonio Liuzzi (Force India) + 1:11.388
13. Romain Grosjean (Renault) + 1 volta
14. Jaime Alguersuari (Toro Rosso) + 1 volta
Volta mais rápida: Mark Webber (Red Bull) 1:13.733
Abandonos:
Kazuki Nakajima (Williams) 31 voltas
Nico Rosberg (Williams) 28 voltas
Nick Heidfeld (BMW-Sauber) 22 voltas
Adrian Sutil (Force India) 1 volta
Jarno Trulli (Toyota) 1 volta
Fernando Alonso (Renault) 1 volta
Fotos:Brawn GP/Divulgação