Acima de qualquer expectativa mais otimista, Bruno Senna largará em sétimo no Grande Prêmio da Bélgica em sua estreia como piloto titular da Lotus Renault. O piloto brasileiro foi um dos grandes destaques das sessões classificatórias que definiram o grid da prova deste domingo em Spa-Francorchamps. Além de garantir sua melhor posição de largada na Fórmula 1, depois da temporada complicada pela fragilidade da HRT em 2010, Bruno superou o companheiro de equipe Vitaly Petrov e até o bicampeão Fernando Alonso. “Eu também estou de boca aberta”, brincou, ao comentar a repercussão do resultado no paddock e entre os torcedores em todo o mundo.
Bruno brilhou tanto nas duas primeiras partes das tomadas de tempo, realizadas com pista molhada, quanto na terceira e última, quando o asfalto praticamente seco permitiu a utilização dos pneus lisos. Mas reconheceu que a quarta fila foi muito mais do que poderia sonhar: além das condições climáticas sempre traiçoeiras do circuito belga, ainda está se adaptando ao carro com o qual andou apenas num teste da pré-temporada, em dois ensaios aerodinâmicos em linha reta e na primeira sessão de treinos livres do GP da Hungria. “No molhado, eu achava que entraríamos no Q2 e ficaríamos perto do Top 10. Fiquei preocupado no Q3 porque a pista secou e eu praticamente não havia andado nessa situação. Felizmente, o carro estava bom e me ajudou.”
Talvez apenas o pole Sebastian Vettel tenha recebido tantos tapinhas nas costas quanto Bruno depois do qualifying deste sábado. Aguardando pela pesagem obrigatória, mereceu os cumprimentos de Felipe Massa, que não escondeu a satisfação com o desempenho do amigo e vizinho – ambos moram em Mônaco. “Ele me deu os parabéns, assim como todo o pessoal da equipe. Estou muito contente porque o resultado serve para aliviar um pouco a pressão desta primeira corrida pela Lotus Renault e a necessidade de me sair bem”, lembrou.
Na véspera, Bruno manifestara a preferência pela manutenção do mau tempo em Spa, já que desde as categorias de base tem mostrado enorme familiaridade com o piso molhado. Para amanhã, ele espera que as condições se mantenham. “Para mim, será menos difícil, porque me falta quilometragem na pista seca. Mas, o que tiver de ser, será. De uma maneira ou de outra, será uma corrida muito dura e que não permite qualquer prognóstico. Por enquanto, estou feliz com meu trabalho de hoje.”
Bruno admite que precisará driblar a falta de ritmo de corrida. Depois do vice-campeonato da Fórmula GP2 de 2008 e do ótimo teste pela extinta Equipe Honda no final daquele ano, quando ficou a apenas dois décimos de Jenson Button, campeão na temporada seguinte, Bruno fez apenas três provas de esporte-protótipo em 2009 e se arrastou pelas últimas posições com o carro da HRT no último campeonato. “Faz tempo que não disputo posição para frente, só para trás”, disse, rindo. “Mas corrida é corrida, vamos procurar fazer as coisas passo a passo. Hoje foi tudo muito bem, vamos ver se continuamos assim até amanhã.”
Fotos: Lotus Renault GP/LAT/MF2 – Divulgação.
Texto: Márcio Fonseca.