Acompanhe no Carros e Corridas mais uma Coluna do Borracha deste ano com o jornalista Eduardo Abbas.
Ao contrário da semana passada, a chuva não decidiu a corrida e foi uma das causas do grave acidente de Jules Bianchi.
Não adianta procurar culpados, assim como em um desastre aéreo, são várias as causas do acidente que quase ceifou a vida do jovem piloto francês. Uma enorme sequência de erros, acontecidos em um país que prima pela perfeição, é uma mancha enorme na categoria mais importante do automobilismo mundial.
Na verdade tudo começa com a incansável vontade de equilibrar um campeonato mudando regras e carros sem antes testar o que se está fazendo. Desde o começo do ano eu venho dizendo aqui na minha coluna que, a mudança radical dos carros, motores e as limitações deveriam ser implantados sem pressa, ano a ano, até para se entender o que acontece. Claro que não adianta pensar dessa forma se, quem manda, está mais preocupado em ganhar dinheiro, e digo isso do Jean Todt, presidente da FIA, que tem um filho que é empresário de vários pilotos, entre eles o próprio Bianchi, e não trabalha por uma cocada e uma maria-mole.
Azar, as equipes toparam e se atrapalharam durante o ano, mais uma vez abriram caminho para o campeonato ser disputado de forma mono, só uma equipe tem chance de fazer o campeão e ser a campeã diante das outras, que como não tem dinheiro e nem condições para brigar por nada, viram acentos de aluguel para garotos com pouco talento e muita grana. Talvez nem seja esse o caso do Jules, mas convenhamos, sentar em uma Marussia é a mesma coisa que fazer a barba com uma navalha sentado em uma bola, numa lancha em mar revolto.
Voltando ao acidente, pelo lado da direção de prova, houve uma demora estúpida em se colocar o safety car na pista logo após a batida do Sutil na barreira de pneus. É uma tremenda incompetência autorizar a entrada do trator para recolher o carro com a prova rolando (existe um procedimento para isso e não foi respeitado) e por alguns segundos e metros, o carro do Bianchi poderia ter matado alguns fiscais.
O piloto deu muito azar, aquela era a volta que ele iria para os boxes colocar pneus de chuva forte, estava ainda com os intermediários que são para uma condição muito mais leve do aguaceiro. Foi uma fatalidade, o carro derrapou, saiu da pista e foi praticamente arremessado em direção ao trator a 203 km/h, virou passageiro de um míssil sem controle. Com a forte batida que atingiu a cabeça do piloto o santantonio se quebrou, e o pior segundo médicos que entrevistei nessa segunda, a desaceleração repentina agrava ainda mais as consequências do acidente.
Só resta rezar, pelo trauma sofrido e pelo atual quadro clínico considerado gravíssimo, segundo também informações dos médicos, não se pode prever antes dele acordar do coma o que vai acontecer, mas dificilmente voltará a ser o piloto de talento que a Ferrari apostava para o ano que vêm. Que todas as orações se voltem para a sua recuperação, e que isso sirva de exemplo e lição aos cavaleiros templários que hoje comandam a principal categoria do automobilismo mundial.
Falando um pouco da etapa, Hamilton está em seu melhor momento no campeonato, venceu a corrida sem deixar dúvidas nem queixas, superou em técnica e audácia o companheiro de equipe e abriu 10 pontos na corrida pelo título. Rosberg foi segundo e Vettel terceiro. Aliás, na semana passada eu disse que o destino dele era a Ferrari, segundo informaram minhas fontes e se confirmou no fim de semana. Quanto ao Alonso, existem conversas com a McLaren, já que a porta fechou na Red Bull. Talvez o espanhol acerte sua condição em breve, mas lá o buraco é mais embaixo, tem gente que quer, mas tem gente que não quer nem saber, enfim…
No fim de semana tem mais Fórmula 1, agora na novíssima pista russa de Sochi, que correu risco de não acontecer por causa dos conflitos nos países vizinhos, mas vai ter e vai ser uma daquelas etapas em que os pilotos vão ficar com cara de bundão por conta do acidente. Tem também MotoGP na pista japonesa de Motegi, outra corrida na madrugada para alegria das namoradas e esposas. Vamos em frente, na terça-feira eu volto para analisar tudo que acontecer nas duas categorias.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos.
Eduardo Abbas, um dos mais respeitados profissionais de imprensa, especializado em automobilismo e indústria automobilística. Dentre suas realizações destacam-se a criação e direção do programa Linha de Chegada, a direção do programa Grid Motor, a produção da Stock Car e toda parte de motorsport do canal Sportv. Abbas foi também produtor da Fórmula Um na Rede Globo desde 1990 e é atual membro da ABIAUTO (associação brasileira da imprensa automotiva). Também atua como consultor na área de comunicação e automobilismo.
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