Mais um importante capítulo, mas ainda não decisivo, da Stock Car começará a ser escrito nesta sexta-feira no Autódromo Internacional Nelson Piquet (Brasília) com a abertura dos treinos livres da 11ª e penúltima etapa de 2010 – a terceira das quatro que compõem as superfinais. Com a nova mudança no sistema de playoffs – a quinta desde que o formato foi introduzido em 2006 -, não há possibilidade de o título ser decidido por antecipação no domingo, já que os 10 pilotos que continuam brigando pelo título poderão eliminar o pior resultado desta fase.
Campeão em 2008, na época em sua segunda temporada pela Equipe Medley, Ricardo Maurício lidera a classificação com 251 pontos, seguido por Max Wilson, seu companheiro na RC, com 247 e Allam Khodair, da Full Time Sports, com 240. Com mais cinqüenta pontos em jogo e o descarte obrigatório, até o 10º colocado permanece no páreo, Mesmo zerando em Londrina e Santa Cruz do Sul, Daniel Serra ainda tem chances matemáticas de ser campeão, embora mantenha os 207 pontos com que entrou nos playoffs. Dependerá, no entanto, de uma combinação de resultados, mais do que favorável, absolutamente improvável.
De qualquer forma, a hipótese de uma virada radical não pode ser totalmente afastada, até em respeito à história recente da categoria. Em 2005, na última temporada de pontos corridos da Stock Car, Giuliano Losacco alcançou o bicampeonato depois de descontar uma desvantagem de 47 pontos para Cacá Bueno na reta final. Venceu a disputa por apenas um ponto de diferença e, a exemplo de Sebastian Vettel na Fórmula 1, sem ter liderado a classificação geral uma única vez. Em vista da posição dos pilotos na tabela e as diferenças pouco significativas, o campeonato está completamente aberto.
Os 34 carros foram divididos em dois grupos de 17 e cada um deles terá duas sessões de 40 minutos com limite de 20 voltas pelo anel externo de 2.919 metros da Capital Federal. Nos ensaios de hoje, as equipes devem começar a avaliar o consumo de pneus, normalmente elevado em função das condições abrasivas do asfalto antigo, embora alguns trechos tenham passado por recapagem recentemente. Como as curvas são todas para a direita, o acerto dos carros será bastante diferente em relação aos circuitos anteriores, devido principalmente à maior exigência a que serão submetidos os pneus do lado esquerdo.
Engenheiro bicampeão – trabalhou com Maurício em 2008 e Cacá Bueno no ano passado – e atualmente responsável pelo carro de Xandinho Negrão, Thiago Meneghel observa que o volante deverá ficar “um pouco torto” por causa da variação nas regulagens dos dois lados do carro. “Altura, alinhamento, convergência, pressão de pneus, muda tudo aqui, embora o carro atual aceite menos o volante torto do que o antigo. Mas o legal é que se criam as condições para que o melhor trabalho de engenharia prevaleça, ao contrário das outras pistas, onde todos têm mais ou menos as mesmas receitas”, continua.
Meneghell não esconde a preocupação com o provável desgaste dos pneus, especialmente se o forte calor da quinta-feira se prolongar pelo final de semana. De acordo com o regulamento, cada piloto tem direito a utilizar dois jogos de pneus novos e três usados das etapas anteriores. “Os melhores usados do Xandinho são os dianteiros da prova de Santa Cruz e eles já estão bem gastos.”