Quem pensa que vida de piloto de Fórmula Um é glamour, mulheres bonitas, dinheiro, festas e diversão está bastante enganado.
Não que a vida deles seja tão dura quanto quebrar pedras, mas tem lá suas intempéries. Deixando de lado a discussão de que são bem pagos e fazem o que gostam, esses malucos são submetidos a uma alta carga de cobrança e, por isso, fazem valer cada centavo dos milhões ganhos ao final de cada temporada.
Assistimos hoje na categoria máxima do automobilismo a volta da competitividade antes vista nos tempos românticos do século passado. Romantismo à parte a Fórmula Um está mais interessante e, desde 2006, as disputas nas pistas têm se estendido dos primeiros aos últimos postos.
A disputa por posições tem deixado os diretores de imagem das televisões mais ocupados. Não há piloto bobo nesse meio (salvo exceções) e se manter na frente tem sido mais difícil e a Pressão em cima dos pilotos tem revelado algumas verdades.
]Em qualquer profissão sofremos pressões e precisamos conviver com ela, saber dominá-la, usá-la como forma de amadurecimento. É em momento de pressão que temos de deixar o passional de lado e focar no racional.
Voltando ao mundo da velocidade, percebemos que alguns pilotos não conseguem lidar com essa carga em cima de seus capacetes e acionam o botão de pânico antes de acionar o da calma.
Felipe Massa e Lewis Hamilton são dois bons exemplos de pilotos que não conseguem lidar bem em momentos de cobrança elevada. Em 2007 o inglês Hamilton jogou fora o campeonato mundial por falta de equilíbrio. Errou sozinho na hora errada, disputou posição onde deveria ter deixado o adversário passar. Talvez nunca tenha assistido as corridas de Alain Prost, um mestre na regularidade.
Depois de ter perdido o título ano passado o mundo esperava de Hamilton um início de campeonato mais consistente. Embora tenha vencido a primeira prova do ano ele sentiu-se incomodado por Heikki Kovalainen, se companheiro de equipe. O finlandês tem mostrado incrível regularidade e botado tempo em cima de Hamilton desde o GP da Malásia onde o inglês foi quinto colocado e Kovalainem o terceiro. Até aí nada de preocupante, já que estamos no início da temporada, mas Hamilton tem deixado transparecer esse incômodo a ponto de rodar sozinho e bater o carro no primeiro dia de treinos, o que deve trazer conseqüências para sábado e domingo.
Quanto a Felipe Massa eu espero, e fica aí minha torcida, que ele ganhe essa corrida. Além de ser bom para ele o campeonato vai ficar mais interessante do que está com a vitória de um terceiro piloto no terceiro Grande Prêmio. Massa mostrou hoje (04) que domina a pista, agora é hora de mostrar que é capaz de dominar seus nervos.
Robério Lessa é jornalista formado pelo Curso de Comunicação da Universidade Federal do Ceará e desde 1992 escreve sobre automobilismo.