Acompanhe no Carros e Corridas a nova coluna do jornalista Eduardo Abbas.
Finalmente começou o ano na Motovelocidade! A principal categoria do motociclismo mundial abriu as portas no último fim de semana no Qatar com um show dos pilotos espanhóis. Mas tudo ajuda, com coadjuvantes de tamanha qualidade, as corridas de duas rodas empolgam muito mais que as de quatro. Talvez esse devesse ser o caminho para nós brasileiros. É um caso a se pensar, o país que tem mais pessoas sobre motos do que praticantes de outros esportes, e os promotores e patrocinadores têm por obrigação entender que a prática leva à perfeição.
A Moto 3 foi uma corrida cheia de pegas, as cilindradas que ajudam nas disputas dos menores teve como grande destaque Romano Fenati, uma fera da nova geração de italianos que chegam pra abalar as estruturas. O garoto de apenas 16 anos de idade deu muito trabalho para o vencedor, o espanhol Maverick Viñales, que tem nome de carro possante e demonstrou isso enquanto esteve na pista. Depois foi a vez da Moto 2. Foi uma corrida também pra lá de bem disputada, mas que o outro espanhol da noite (sim, por causa do horário da Europa, as corridas do oriente são realizadas depois do por do sol) Marc Marquez dominou e ganhou na reta de chegada, numa prova sensacional superando por apenas 0,061 o italiano Andrea Iannone.
A cereja do bolo estava reservada, e não poderia ser diferente, para a MotoGP. Com domínio nos treinos a Yamaha de Jorge Lorenzo sobrou. Ele perdeu a ponta para o atual campeão, o australiano Casey Stoner e foi ameaçado duramente pelo compatriota Dani Pedrosa. Numa corrida bem pensada, perto do final ele retomou a ponta e seguiu firme para garantir a vitória e destilar todo o seu mau-humor após a corrida. Pedrosa foi o segundo e Stoner, reclamando demais, o terceiro. Grande corrida, grande evento, mas…
Como existe sempre o “mas”, dessa vez ele esta dividido em bom e ruim.
A parte ruim foi a quase total ausência de público nas arquibancadas, um quase show particular para os endinheirados árabes e seus amigos mais chegados. Deve ser muito frustrante correr sem ninguém nas arquibancadas, é como jogar a final da copa num maracanã vazio e com apenas os amigos da presidente da república no camarote VIP. Ganhou o evento, perdeu o esporte, a vibração faz parte, o som que emana da galera muda um resultado, mas enfim, todos no mundo precisam de dinheiro, lá tem muito e os promotores pensam mesmo é no bolso deles.
Tem a parte boa, que deve ter passado despercebido por alguns. A força que uma marca pode e deve ser o motor propulsor de carreiras vitoriosas. Na Espanha em crise, na Europa quase quebrada, se sobressaem as audaciosas investidas de grandes empresas. Aqui no Brasil, deveríamos seguir o exemplo da gigante do petróleo Repsol. Desde sempre eles investem em esporte, claro, pois qual a melhor propaganda que não a de ser um vencedor naquilo que você fabrica? E tem mais, já que estamos nessa, por que não fabricar os ídolos? No fim de semana, o vencedor da Moto 3, da Moto 2 e os segundo e terceiros colocados na MotoGP, levam a marca da Repsol. Isso se chama enxergar o futuro, apoiar o esporte e os compatriotas, realmente olhar para frente.
Parece que o Eike Batista esta fazendo alguma coisa parecida com isso, mas será que ele agüenta um fracasso? Será que no fim do ano, se o Bruno Senna e o Felipe Nasr não se derem bem, ele continua com a mesma empolgação? Pode até ser, mas duvido que seja com o mesmo tesão de agora. E digo isso porque, no motociclismo, por exemplo, quase ninguém sabe que existe. Nesse fim de semana aconteceu a abertura do brasileiro de MotoCross, foi uma grande festa e quase ninguém noticiou. Falta tudo, apoio, mídia, incentivo, enfim, falta acreditar e apoiar mais.
No próximo fim de semana a Indy e a Stock Car voltam às pistas. Na categoria americana o Rubens Barrichello parece estar se adaptando rapidamente ao carro, mas a grande diferença será quando chegarem os ovais. O acerto e a tocada são outros, como ele é um grande acertador de carros, talvez consiga ter uma forma de superar a já esperada deficiência nesse tipo de pista.
Já na Stock, não se espera muita coisa diferente do que aconteceu na primeira etapa. Cacá Bueno tem o melhor carro do ano, a pista de Curitiba é uma velha conhecida e a fórmula equipe+piloto vencedor+patrocinador apoiando deve fazer a diferença.
Vou ficando por aqui, tenho esperança que um dia o motociclismo brasileiro não viva apenas de garotos que tem a cara e a coragem de irem sozinhos para a Europa em busca de resultados, como foi com o grande Alexandre Barros e agora com o Eric Granado, talentos como esses deveriam ser levados no colo.
ALÔ EMPRESAS BRASILEIRAS!!!
Eu volto na semana que vem!
Beijos & queijos
Escreva para o colunista: coluna.site@gmail.com
Acompanhe Eduardo Abbas no Twitter: http://www.twitter.com/borrachatv
*A coluna publicada neste site expressa a opinião de seu autor.
Foto: MotoGP – Divulgação.