A relatividade do tempo nunca ficou tão evidenciada como na sessão classificatória que definiu neste sábado a pole da terceira etapa da Stock Car. Pela diferença mínima de um milésimo de segundo, o chamado “pelinho” que o tricampeão Cacá Bueno (Red Bull) não foi capaz de superar, Luciano Burti (Itaipava Racing) conquistou o direito de sair na frente na prova deste domingo no circuito de rua de Ribeirão Preto. A Cacá restou o consolo de fechar a primeira fila num traçado de ultrapassagens improváveis.
Foi a terceira pole do atual comentarista de automobilismo da TV Globo na Stock Car. E, possivelmente, a que o deixa mais perto da segunda vitória na categoria, embora ele mesmo tenha procurado diminuir a natural pressão decorrente da privilegiada posição de largada. “De certo modo, a pole numa pista destas é a mais importante, porque é preciso chegar aos limites do carro e do piloto. Você pode ser herói ou vilão, tudo muito apertado”, comemorou Burti, que retornou para os abraços da equipe dirigida por Ereneu Boettger na carona da moto do irmão Leandro. “Mesmo largando na frente, será uma prova difícil, porque cada curva é um desafio”, disse.
O sistema de tomadas em grupos de dois, de acordo com a ordem inversa da classificação do campeonato, exerceu grande influência no resultado final, já que grande parte dos pilotos que entrou na pista já com as temperaturas de asfalto e ambiente bem mais amenas e favoráveis que os primeiros a marcar tempo. Allam Khodair (Vogel) foi o primeiro a se manter na liderança, até ser ultrapassado por Duda Pamplona (Officer) e, finalmente, por Burti. Marcos Gomes (Medley/Full Time Sports) foi uma das “vítimas” do sistema adotado no interior paulista e, depois de voltar aos boxes em segundo, terminou em 8º. “Faltou um pouco de acerto, o caro estava saindo de frente, mas o momento de entrar na pista fez diferença. Agora, vamos pensar numa boa estratégia para a corrida e procurar somar o máximo de pontos”, comentou. Xandinho Negrão, seu companheiro de equipe, foi o terceiro a sair para as duas voltas cronometradas e ainda conseguiu um resultado satisfatório que o colocou em 23º no grid.
Concentradas apenas neste sábado, as três sessões de treinos livres e as duas tomadas classificatórias anteciparam as dificuldades que os pilotos deverão encontrar na prova – a expectativa é de calor forte, acima dos 32 graus, e as acanhadas dimensões da pista não estão permitindo deslizes. O número de paralisações provocadas por acidentes, felizmente todos apenas de pequenas conseqüências materiais, e as inevitáveis bandeiras vermelhas foi recorde na temporada e provavelmente um dos mais elevados da história da categoria. Por isso, mais do que nunca, as posições de largada poderão ser determinantes para o resultado final, já que o consenso é de que a prova transcorrerá na maior parte dos 50 minutos sob o regime de bandeira amarela em função dos acidentes antecipados por todos.
O líder do campeonato, Thiago Camilo, partirá em 10º. A corrida será realizada ainda em clima de enorme consternação pela morte do paulista Gustavo Sondermann na etapa da Copa Montana duas semanas atrás em Interlagos. Um dos campeões de popularidade entre os colegas, Sondermann foi homenageado pelos amigos da Stock Car, que usaram ao longo de todo o dia uma camiseta branca com a imagem e o número 4 que caracterizou a carreira do piloto. A agitação política também foi intensa nas últimas 48 horas e um movimento dos pilotos reivindicando diversas mudanças junto à CBA e aos organizadores começou a produzir resultados. Além da troca do diretor de prova, eles conseguiram a redução da potência dos motores de 480 para cerca de 410 cavalos em nome da segurança.
Os melhores do grid em Ribeirão Preto:
1 – Luciano Burti, 1min08s434
2 – Cacá Bueno, 1min08s435
3 – Átila Abreu, 1min08s496
4 – Duda Pamplona, 1min08s502
5 – Allam Khodair, 1min08s768
6 – Max Wilson, 1min08s798
7 – Daniel Serra, 1min08s810
8 – Marcos Gomes, 1min08s835
9 – Ricardo Maurício, 1min08s908
10 – Thiago Camilo, 1min08s958
Fotos: Fábio Oliveira e Miguel Costa Jr./MF2.