A vida tem dessas coisas, existe gente tão capaz que é preciso tirar uma parte do corpo para poder igualar as coisas. Não chegamos a esse extremo, mas foi praticamente isso que aconteceu na corrida da MotoGP esse fim de semana. Depois de tomar um tombaço no warm up da etapa de Silverstone, o Marc Marquez praticamente tinha dado adeus à vitória na lendária pista inglesa.
Que nada! Ele só perdeu pro mau encarado do Jorge Lorenzo por causa da falta de mobilidade no braço esquerdo, até porque se os dois estivessem bons ele chegaria fácil em primeiro. Será uma dificuldade muito grande tirar o titulo do novato, as duas malas de plantão vão ter que bater muito bumbo pro Marquez não ganhar fácil esse campeonato. Apesar dos pesares, foi uma corrida de tirar o fôlego, decidida apenas na reta de chegada, com os dois protagonistas fazendo as maiores maluquices em uma sensacional pilotagem em duas rodas. Dani Pedrosa é apenas coadjuvante, vai ficar na saudade e esperar um 2014 melhor, mas não acredito que venha, o tempo e as chances dele passaram e agora vai entrar para a história apenas como o melhor segundo piloto que a equipe Honda teve na MotoGP. Coisas do destino, mas culpa da arrogância dos primeiros anos porque a vida é como o cartão de crédito, um dia chega a fatura.
Quem esta quase faturando, no sentido agora de conquistar, é o Helinho Castroneves. Pode chover canivete que ele continua liderando o campeonato e, por incrível que pareça, aumentando prova após prova a diferença para o Dixon e o Hunter-Reay. A etapa na cidade de Baltimore (poderia ser tranquilamente Bate Mais) foi daquelas coisas nefastas e quase insuportáveis devido ao grande número de bandeiras amarelas e uma exagerada quantidade de acidentes. Eu acho que a Fórmula Indy tem que se reciclar nesse quesito, Safety Car somente em casos muito complicados, uma bandeira amarela no local já iria ajudar a ter mais emoção na corrida. Não tem justificativa, em Mônaco, por exemplo, o Safety Car só entra em casos extremos, mesmo assim não demora a sair. Mas faz parte da dinâmica da Indy, uma das corridas mais disputadas do planeta e que corre o risco de ser apenas notícia no Brasil, isso porque a emissora que transmite as corridas(nas coxas, pra ser sincero), anunciou que não vai televisionar mais em 2014, muito menos organizar a corrida do Anhembi. Tudo isso acontece com uma categoria que tem dois brasileiros com grandes chances de serem campeões, vide o Helinho esse ano. Lamentável.
Mais lamentável deve ficar a situação da Fórmula 1 se for confirmado o se diz a respeito do futuro do Brasil na competição. Foi finalmente confirmada a minha previsão que o Ricciardo seria o segundo piloto da Red Bull no ano que vem. Isso abre um grande precedente com relação a outras equipes. A Ferrari, caso o Alonso não fique, vai procurar um campeão do mundo para substituí-lo, isso é fato, e caso fique, eles podem colocar em xeque a condição do Massa em continuar na equipe. Se ficar é pra ser segundo piloto, quietinho no seu canto, caso não fique, vai correr aonde? A reboque vem o desinteresse em se transmitir a categoria, fica complicado colocar no ar alguma coisa sem interesse do público e tudo se desmancha como um castelo de gelo no Saara, ou você acredita que a prefeitura vai reformar Interlagos para uma corrida sem brasileiro? Os patrocinadores vão continuar pagando os três dígitos em dólar que pagam hoje pelo espaço? Sua mulher vai entender que você prefere ver a corrida a ter que ir com ela na feira domingo? Tá na cara que não, tá na cara que o negócio vai ficar complicado e que com o tempo vai sumir como esta sumindo o automobilismo brasileiro.
Vou ficando por aqui deixando um recado para aqueles que criticaram o Emerson Fittipaldi pela iniciativa mais que corajosa de se fazer um evento do porte das 6 horas de São Paulo. O Emerson fez muito mais pelo automobilismo brasileiro e mundial que muitos dirigentes que vão a esses eventos pegar bonés, camisetas, comer de graça e tirar fotos com puxa-saco, ele representa tudo aquilo que fomos um dia e que, infelizmente, estão jogando no ralo. Antigamente tinha um ditado que dizia “vamos falar mal, pois isso vende jornal”, coisa que, com o andar da carruagem, nem vai mais existir o periódico pra vender na banca. Antes de criticar, por favor, façam 1/100 do que ele fez que já ajuda!
A gente se encontra na semana que vem!
Beijos & queijos
Eduardo Abbas, um dos mais respeitados profissionais de imprensa, especializado em automobilismo e industria automobilística. Dentre suas realizações destacam-se a criação e direção do programa Linha de Chegada, a direção do programa Grid Motor, a produção da Stock Car e toda parte de motorsport do canal Sportv. Abbas foi também produtor da Fórmula Um na Rede Globo desde 1990 e é atual membro da ABIAUTO (associação brasileira da imprensa automotiva). Também atua como consultor na área de comunicação e automobilismo.
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