Super rally brasileiro pode superar a barreira dos 5 mil quilômetros de extensão. Definição do roteiro emprega avião, GPS e muito trabalho em terra.
Está tomando forma a configuração final da 17ª edição do Rally Internacional dos Sertões, que no ano passado foi a maior prova off road do mundo. Chefiada pelo especialista Eduardo Sachs, a equipe que realiza o levantamento já iniciou a fase final do trabalho que apontará o percurso da competição motorizada mais exigente já realizada em território nacional. “Até o momento, já definimos 3.850 quilômetros do trajeto da corrida, ou o equivalente a sete dos dez dias de competição”, revela Sachs. “Para chegar a esse traçado, tivemos que percorrer praticamente o dobro, cerca de 6.300 quilômetros. Isso é normal, pois grande parte da quilometragem excedente corresponde a trechos que não foram aprovados por nós. O restante é deslocamento de ida e volta a Barueri (SP), onde fica a nossa base”, completa Sachs, que é diretor técnico do Rally dos Sertões desde 2001.
Antes mesmo de a corrida começar, o levantamento pode apontar uma novidade importante para os competidores, que largarão para a prova no dia 24 de junho, em Goiânia (GO). “Em 2008, a corrida teve 4.971 quilômetros, mas agora podemos superar os 5 mil quilômetros de prova, algo que não ocorria desde 1999, há exatos dez anos”, observa Eduardo Sachs. “É um número que sinaliza a grandiosidade deste rally, mas que também sugere o nível de dificuldades que esperam os participantes na versão 2009”, continua o diretor técnico do Sertões.
Por terra e ar – Sachs explica que o trabalho de levantamento é executado de duas formas. “Primeiro, realizamos a fase aérea, na qual eu e nosso diretor-presidente Marcos Moraes sobrevoamos toda a região. Durante o vôo, o Marcos, que é um especialista em rallies, vai apontando um possível roteiro que depois será visitado pela equipe de terra. Simultaneamente às indicações dele, eu vou registrando tudo em um aparelho de GPS, cujos dados depois serão utilizados pela equipe terrestre. Somente em 2009, já somamos 74 horas de vôo neste trabalho”, detalha o diretor técnico do Sertões. “Com estas informações em mãos, eu chefio a equipe que trafega pela região que foi sobrevoada. Usamos uma picape Mitsubishi L200 Outdoor equipada com dois aparelhos de GPS, dois odômetros e todo o ferramental para uma longa aventura off road. Depois que tudo for percorrido e medido com estes instrumentos, teremos o esboço da prova, que será validado no levantamento de conferência”.
Se competir no Rally dos Sertões é provavelmente a maior aventura do Brasil, fazer seu levantamento também não é um mero passeio. Em nove anos definindo o percurso da prova, Eduardo Sachs coleciona várias histórias e situações inusitadas. “Nosso objetivo é justamente mapear regiões ermas, então estamos sujeitos a todo tipo de situação que esse isolamento ocasiona”, explica o diretor técnico da prova. “Por exemplo, agora mesmo, em 2009, pedimos abrigo à tribo dos Calungas, pois não havia outro lugar para passar a noite. Em 2005, fomos hóspedes dos índios Cracajás. O meu trabalho é uma das melhores maneiras de se conhecer realmente como é o Brasil”. O público pode acompanhar detalhes sobre o levantamento do Rally Internacional dos Sertões no blog www.webventure.com.br/blogsertoes, criado especialmente para registrar o trabalho de Sachs e sua equipe. Mais notícias no site oficial da prova www.sertoes.com. Fotos:Davi Santos Jr.