Acompanhe no Carros e Corridas a nova coluna do jornalista Eduardo Abbas.
Foi um fim de semana especial pra quem gosta de corridas de automóveis, pois como já é tradição, o GP de Mônaco e as 500 milhas de Indianápolis acontecem no mesmo dia.
Cada um tem sua programação própria, os treinos das 500 milhas começam um mês antes da corrida, tem vários tipos de classificação até definir os que vão realmente pra pista no domingo. É uma grande festa, que nesse ano, segundo os organizadores, para um público estimado entre 300 e 400 mil pessoas para o que eles chamam de TEMPLO DO AUTOMOBILISMO.
Já em Mônaco, a coisa é um pouco menos barulhenta, mas muito mais badalada. O encanto e o charme das ruas desse pequeno principado e os endinheirados moradores e visitantes que lá passeiam e se deixam ver, contrasta com os carros mais avançados tecnologicamente falando, mas que não deixam de ter óleo, graxa e pneus absurdamente sujos e jogam quilos de CO² na cara de reis e plebeus. As ruas de Monte Carlo então se tornam a pista mais desafiadora da Fórmula 1, poucos têm acesso aos camarotes e arquibancadas, é mais seleto e, para desespero dos organizadores, em 2012 se tornou muito chato.
Não é de algum tempo que Mônaco esta sendo menor que os carros, as ruas antigas são a pista que não tem pra onde mudar, causam o efeito chato de se assistir uma corrida em que ninguém passa ninguém. Os narradores e comentaristas falam nas famosas táticas das equipes na hora de trocar pneu. Oras, desde quando isso é tática? Tática é quando dois pilotos da mesma equipe fazem um jogo de segurar os adversários e o outro fugir na ponta, trocam de posições na pista, forçam os outros a acompanhar e tentar mudar o panorama, não correr atrás sem garra nem vontade, pois uma batida pode sair caro, é uma corrida calculada e sem riscos, onde, pasmem “ultrapassar” nos boxes na hora da troca é a grande emoção. Não tem mais abastecimento porque é perigoso, não tem jogo de equipe porque é proibido, não se pode trocar de posição com o companheiro porque é anti-esportivo, enfim, pode o que? Talvez os europeus gostem daquele trenzinho que acabou virando a corrida do último fim de semana, afinal trem eles adoram, ganhou o Weber com o Nico e o Alonso, que assumiu a ponta isolada do campeonato. Foi isso porque se o piloto da frente não quiser que ninguém passe ninguém vai passar.
Os brasileiros tiveram um fim de semana melhor, ambos chegaram, mas foi melhor pro Felipe, que depois da bronca do Luca di Montezemolo, começou a trazer para a Ferrari os pontos que a equipe espera que ele leve.
Mas nem tudo esta perdido no mundo da velocidade, Indianápolis esta aí para nos render e alegrar. Quem assistiu as duas corridas, como foi meu caso, teve que se render aos velhos carburadores americanos, ao churrasco na beira da pista, os carros andando a 300 e lá vai fumaça por hora e, ainda por cima, com etanol no tanque. Tem bate-bate, as pancadas no muro são impressionantes, o piloto não troca de marcha em 90% da corrida, a curva é só pra um lado e mesmo assim tem muito mais emoção. Por isso Indianápolis é a corrida dos homens e não dos meninos, vencer lá é como estar perto da redenção dos justos, inclusive porque se toma leite no pódio.
Foi muito mais legal ver o Dario Franchitti vencer de novo, dessa vez ele embolsou quase US$ 2.5 milhões de dólares, mas o mais impressionante foi a disputa com o companheiro de equipe Scott Dixon e o japonês Takuma Sato nas últimas volta, o nipônico acabou no muro e abriu lugar por Tony Kanaan chegar em terceiro, levando para a equipe os pontos que ela jamais cobrou e nem mesmo esperava, e por pouco não foi melhor, ele liderava a sete voltas do final. Isso sim é emoção, isso sim é competição.
Eu acho que qualquer esporte à motor tem que ser assim, tem que ter luta, competição, jogo de equipe, o Dick Vigarista e o Peter Perfeito, proteger a vida de quem se arrisca, mas proporcionar espetáculo, porque essa coisa de não se fazer nada em nome da segurança já encheu um pouco o saco.
Hoje estou preferindo acompanhar as corridas da Indy pelo seu desenho alegre e despojado de corrida de carros. Ela é exibida pela Band no Brasil, conhecida pelas confusões que apronta na hora da transmissão, mas seja quem for o narrador, o comentarista impressiona. O Felipe Giaffone é realmente um craque, impressiona na clareza dos comentários e na destreza em falar de tática de corrida, ouvir e traduzir o rádio dos pilotos e, como foi nessa etapa da Indy, controlar o Luciano do Valle.
Quem nunca viu vale acompanhar.
Já na Globo, a Fórmula 1 esta ficando mais chata e nessa coisa de se comemorar 40 anos no Brasil (detalhe, a Globo não transmitiu esses 40 anos, em 79 e 80 ela abriu mão dos direitos porque o Emerson não tinha um carro competitivo, voltou em 1981 com o Nelson campeão) acabaram adiando algumas decisões que deveriam ter sido tomadas no começo do ano como explorar mais o antes e o depois da prova. Falta ajuste na transmissão, mas pode ser interessante quando estiverem mais “azeitados”.
Enquanto isso vamos curtir a MOTOGP nesse fim de semana na Espanha, eu só volto a falar de automobilismo brasileiro no momento que ele voltar a existir com categorias fórmula. Tem muita categoria turismo e é sempre a mesma coisa, cansei.
A gente se encontra na semana que vem!
Beijos & queijos
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Fotos: Red Bull Rcing/Indy Car – Divulgação.